Rompendo grilhões

Após a catarse. Esse momento de ferida exposta, sangrando, mal cheirosa e que até aquele libertador momento me aprisionava, me limitava e me fazia ser intensa na medida errada. Foi sangrando que odiei aqueles que me esfaquearam, aqueles que
me roubaram a infância, a juventude e a vida adulta. Sim, uma criança traumatizada e lembrada constantemente da sua culpa, pode ter a idade cronológica que for, não consegue, não tem coragem de olhar para aquela ferida fétida. No momento que odiei aqueles que acreditava tanto amar, me libertei.
Hoje sou muito grata a eles e a dor que me causaram e não choro mais. Vibro de alegria e gratidão e amor por todos que ao meu lado estiveram por todos estes 59 anos. Sim, é verdade, na dor que devagar, muito devagarinho fui olhando a ferida, e vendo os meus próprios erros, os exageros infantis cometidos. Sou grata por crescer e com o ensinamento saber hoje dosar o meu amor, o meu tempo, o meu sim e principalmente DIZER NÃO.
Agora chega. Preciso andar sozinha, leve, sem os grilhões que me aprisionaram e as
lembranças do passado são feridas cicatrizadas com suas marcas, minhas rugas e EU agora livre e feliz.

GRATIDÃO.

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